Sérgio Cruz Lima

Vacas loucas?

Por Sérgio Cruz Lima
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A partir do início do século 20, lá por volta de 1908, uma doença desconhecida dizima bois, vacas e cavalos, na localidade de Serraria, município de Biguaçu, em Santa Catarina. Passa o tempo. Três anos depois, todo o gado dos municípios catarinenses de Biguaçu, São José, Palhoça, Tijucas e Porto Belo está infectado pela doença misteriosa.

Em verdade, especialistas do Ministério da Agricultura, do Instituto Pasteur, de São Paulo, e do Instituto Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, quebram a cabeça e não conseguem identificar o tipo de peste e, muito menos, a terapia adequada. O professor Parreira Horta, do Instituto Oswaldo Cruz, sem dúvida alguma, uma das grandes autoridades brasileiras em veterinária da época, em longo relatório encaminhado ao governador Vidal José de Oliveira Ramos Jr. descreve com minúcias a evolução dos sintomas. Mas apenas isso. Repentinamente, o animal doente manifesta ruminação irregular, inquietude, pelos eriçados e febre alta de até 42 graus. Em pouquíssimos dias, ele quase não se mantém em pé, face à paralisia dos membros posteriores, com pouca firmeza ao caminhar. Os movimentos acontecem com oscilações desencontradas, de um lado para outro, com os membros posteriores fora da posição normal. Aos poucos, os fenômenos da doença se agudizam. O pobre animal como que arrasta o terço posterior do corpo. Ou então claudica, em razão da impossibilidade de se firmar apenas com as patas posteriores. A paralisia caminha rapidamente e, dos membros posteriores, passa para os da frente. Mais alguns dias - e pronto! - ocorre a morte.

Os colonos da região, na profunda sabedoria popular, garantem que é uma “forma louca” de paralisia animal. Eu, cá na minha vã filosofia, desconfio que a tal doença que atacou e dizimou rebanhos inteiros nos municípios anunciados, é o mesmo “mal da vaca louca”, encefalopatia espongiforme bovina (EEB), enfermidade degenerativa crônica que afeta o sistema nervoso central dos bovinos, identificada por cientistas ingleses no fim do século 20. Na sua forma clássica, a EEB é transmissível aos seres humanos por meio da ingestão da carne do animal infectado. Quando a carne é bovina, o distúrbio recebe o nome de “doença de Creutzfeldt-Jakob” e causa demência e morte. Com a palavra os doutores da área... ​

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